Zóio de Lula: Para Gostar de Ler e Escrever!
Zóio de Lula,
É título de um belíssimo pop-rock de Charlie Brown Jr!


(Lustato Tenterrara)



Nunca me esqueci que um dia ouvi um pop-rock...

Maravilhoso...

"Meu Deus!"... "Demais!"

Era Charlie Brown Jr...

Não os conhecia...

Era "Zóio de Lula"...

Chorão arrasava (e ainda arrasa),

cantando uma gata que chegava ao mar...

Dizia ele:

"Tirou a roupa, entrou no mar...
Pensei: 'Meu Deus, que bom que fosse...
Tu me arranjava essa mulher, meu irmão...
Eu te dava até um doce!'

Meu Deus, ela é demais!
Também por isso eu creio em Deus..."


E continuava...

Ora, pedindo a Deus um momento com aquela Deusa...

Ora, lembrando, também,

dos seus tempos moleques de descer as ladeiras de skate...


Escrever é isso...

Soltar as amarras do coração...

Escrever sobre tudo o que nos emociona...

Não importa se às vezes nos repetimos...

Se temos um tema recorrente...

Afinal quem não tem sonhos recorrentes...

Carlos Drummond de Andrade já dizia:


"É certo que me repito,
é certo que me refuto...
e que, decidido, hesito
no entra-e-sai de um minuto."
(Carlos Drummond de Andrade)


Ora... Se o Mestre do Poema se repete,

se refuta,

hesita...

O que dizer de nós!

Às vezes,
cantamos tristezas de nosso coração...
Às vezes só tristezas...
Um íntimo triste,
lembrando o nosso grande poeta piauiense,
Da Costa e Silva, que, num lance maravilhoso
e de uma poesia sem igual,
comparou a sua tristeza inata
com o Rio Parnaíba,
no belíssimo poema "Sob Outros Céus",
que adiante um fragmento transcrevo:

"Eu sou tal qual o Parnaíba: existe
Dentro de mim uma tristeza inata,
Igual, talvez, à que no rio assiste
Ao refletir as árvores, na mata..."
(Da Costa e Silva)


Porisso podemos dizer...
A tristeza também pode ser linda!


Desejo... Loucura... Ansiedade... ?
Cláudia Garrocini cantou os seus...
O Livro da Tribo registrou:

"Importaria, se eu de repente,
invadisse sua privacidade,
com essa ousadia pós-adolescente,
de desejo, loucura e ansiedade?"
(Cláudia Garrocini)

Para os que não sabem,
o Livro da Tribo é uma especial agenda
para loucos de todos os gêneros... Recomendo!



Aliás, qualquer tema é um motivo para um texto.

O Educador Paulo Freire,
brilhantemente escreveu:

"O que me surpreende
na aplicação
de uma educação realmente libertadora
é o medo da liberdade."

E aqui um tema para reflexão:

Paulo Freire
estava falando da educação ou da liberdade...

ou do medo da liberdade? Ou de tudo?


"Vês"... Como bem sabia Augusto,

"Ninguém assistiu
ao formidável enterro
de
" nossa "última quimera...
somente a ingratidão...
Essa pantera
foi
" minha "companheira inseparável"
(Augusto dos Anjos)


Assim como alguns escrevem sobre o desespero...

Outros, sobre o amor...

Sobre o amor...

O amor...

Amor!


Afinal, Gonçalves Dias, quando falou que:

"Um raio
Fulgura
No espaço
De luz;
E trêmulo,
E puro,
Se aviva,
S'esquiva,
Rutila,
Seduz"
(Gonçalves Dias)


Evidentemente que não estava falando
de seu amor por um "raio"...

Era de uma mulher...
Com certeza...
E para saber disso não precisamos perguntar para ele...
Basta ter sensibilidade...


Agora...
Se alguém achar que ele fez esse poema
apenas porque viu um raio fulgurando no espaço de luz...

Também sou obrigado a concordar...
Pode ter sido...
Aliás... Deve ter sido...
Mas o que o moveu
a ter a sensibilidade de fazer um poema para um raio,
com certeza
foi o amor por uma mulher...

Afinal...

"Não se assustou o poeta
quando o consideraram
insurgente.
A poesia é insurreição."
(Pablo Neruda)


O poema acima, do Pablo Neruda,
"trago comigo espetado no peito"(Lustato Tenterrara),
e gosto muito de escrevê-lo,
de cabeça para baixo,
em quase todas as edições da Academia Universitária,
do Informativo Tenterrara...


Também tem o Chico Buarque...
Não os transcrevo aqui, porque não é necessário...
Qualquer texto do Chico é excelente...
Sou suspeito para falar...
Sou fã incondicional...
Do tipo que até prefere
que ele mesmo cante as suas letras...
Em que pese as belas vozes de Milton Nascimento
e demais intérpretes...

Acho que é porque somente o próprio autor
consegue entender tudo o que escreve...


Veja...
Um dia fiz um poema...
Numa das frases eu dizia:
"Ah! Como brilhas minha pequena loirinha!"

Eu estava falando de uma gata...
Linda...
Saborosa...
E de um amor perdido(!?) no Tempo...

como a "Menina Branca como a Neve" de Ferreira Gullar,
à qual ele suplicava que o levasse consigo,
nem que fosse no esquecimento...


Poderia até ser de uma criancinha...
Mas não é...
Estamos falando é de uma 'H-TA'!


Mas o Chico é tão demais...

Algumas de suas frases,
ficam ecoando para sempre no meu coração,
que não posso deixar de transcrevê-las:

"Eu vejo as pernas de louça
da moça que passa
e eu não posso pegar..."
(Chico Buarque)


"A gente almoça
e se coça
e se roça
e só se vicia!"
(Chico Buarque)



Afinal, bem disse Carlos Drummond de Andrade:

"Os Homens pedem carne.
Fogo.
As Leis não bastam.
Os Lírios não nascem da Lei.
Meu nome é tumulto e escreve-se na pedra."
(Carlos Drummond de Andrade)


O certo é que
para escrever bem não é preciso ser "letrado"...

Basta soltar a emoção...
Falar (escrever) o que realmente se está sentindo.

O Livro da Tribo
nos trouxe uma maravilhosa contribuição
de um simples seringueiro,
quando transcreveu uma de suas frases,
ditas, talvez, no tumulto de uma praça:

"Desculpem,
eu estava sonhando
quando escrevi esses acontecimentos,
que eu mesmo não verei,
mas tenho o prazer de ter sonhado."
(Chico Mendes)


Viu...
Se Chico Mendes
não tivesse sido
um seringueiro,
um líder comunitário... Teria sido um Poeta...
Pois Profeta, já o era!


De modo que,
para chegar próximo ao final dessa crônica,
eu digo que gostaria muito de,
um dia,
poder dizer o que disse Machado de Assis:
"
A região dos sonhos é a minha casa da moeda."


E para terminar,
uma reflexão de João Guimarães Rosa...
em um livro,
falando por uma de suas personagens:

"
O senhor... Mire, veja:
O mais importante do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas (...)."
(João Guimarães Rosa)


De mais a mais,
mesmo sem ter falado em Tomás Antônio Gonzaga
e em sua Marília de Dirceu,
nem em Bocage e na sua luta razão versus emoção
(que deixarei para uma outra hora),

digo que

"Quero amar-te numa beira de estrada...
Num pedaço de Marte...
Em qualquer lugar!"
(Lustato Tenterrara)


Enquanto fico
"
pensando...
- Humildemente pensando
"
nas mulheres nuas
de Manuel Bandeira
e em suas reflexões matinais:


"Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(...)
Chovia.
(...)
Bebi o café que eu mesmo preparei:
Depois me deitei novamente,
acendi um cigarro
e fiquei pensando.
- Humildemente pensando na vida
e nas mulheres que amei!"
(Manuel Bandeira).


Agora,
como diria minha filha Yasmin,
em seu internetês:

"Entaum xau... Vou fikndo por aki"

Um abraço!

(Lustato Tenterrara)


The, 14.04.2007 13:30 Lustato Tenterrara



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